Arte como manifesto político

No atelier de pintura, cercado de telas, tintas e papeis diversos, florescem as figuras de Robinho Santana. Faces humanas de expressões intensas,  casebres apinhados morro a cima, um encanto para os olhos, e não somente isso, são verdadeiros manifestos políticos. Filho de militantes, o artista cresceu cercado por debates sobre desigualdades sociais, luta de classes e dividindo a atenção da mãe com outras crianças no conselho tutelar onde ela trabalhava. Essa realidade política ativista tem influência direta em tudo que ele cria hoje, sua arte torna-se meio, mensagem e ornamento.
Eu cresci numa cidade [Diadema SP] que é muito difícil... além dos problemas sociais ela te invisibiliza como artista mesmo, te negando apoio, acessos e espaço. Tive que aprender por outros meios que fazer arte era possível
Robinho chegou a estudar publicidade e propaganda mas percebeu que não era exatamente ali que encontraria sua identidade. Foi nessa estrada que teve seu primeiro contato com o trabalho do grafiteiro americano Jean Michel Basquiat. Dali em diante teve a certeza do que queria ser e quem eram as pessoas que tinha intenção de tocar com seus traços.

Cada exemplar tem um pouco do autor, do lugar onde cresceu e ainda vive, das experiências que teve, essa busca por representar-se é resultado da vontade de se ver e permitir que outros também vivenciem essa experiência uma vez que o negro, mesmo sendo maioria numérica no Brasil, é muito pouco representado na grande mídia de forma positiva.

Robinho está celebrando um encontro com a sua ancestralidade africana a cada nova trabalho, estudos sobre máscaras tribais e adinkras, iconografia criada pelo povo akan, que vivem em Gana, Costa do Marfim e Togo. A escrita pictórica consiste no compromisso com a preservação e transmissão de valores fundamentais. Através dessas representações Santana consegue imprimir concisão, densidade histórica e simbólica. Essa imersão na sabedoria africana resgata a história que foi negada ao povo negro descendente daqueles que aqui chegaram na diáspora africana, revelando uma riqueza cultural invejável.















Comentários