Centenário do Samba

Gênero temperado com instrumentos de percussão naturais da África, o samba tem muito mais do que um século de resistência. O aniversário, na verdade, celebra a gravação do primeiro fonograma em 1916, Pelo telefone, canção de Ernesto Joaquim dos Santos, o Donga, e Mauro Almeida.

 
Era na casa da Tia Ciata que o ritmo pulsava, muitas vezes por dias, em festas organizadas pela anfitriã que era cozinheira e mãe de santo. Foi no quintal do imóvel que nasceu um dos gêneros mais brasileiros. Não por acaso, as reuniões e encontros de sambistas passaram a ser consideradas criminosas e reprimidas pelas autoridades. Com o apoio da alta sociedade e da imprensa local, as aglomerações eram dissipadas e a malandragem detida.
vários desocupados formaram um ruidoso samba na Rua Visconde de Niterói, ao pé do Morro da Mangueira. Acionados, o delegado, o inspetor e outros policiais do 18º Distrito foram ao local e conseguiram prender parte do pessoal do batuque.
A notícia acima foi veiculada no jornal carioca Correio da  Manhã, dia 9 de agosto de 1920, quatro anos após a gravação da música Pelo telefone. O periódico registrou também a apreensão de cinco pandeiros e um tambor na ocasião. Mas, não era preciso muito para provocar ação policial. Bastava estar em posse de um instrumento, trajes de bamba e sendo negro, então, era cadeia certa. As próprias canções muitas vezes eram verdadeiras denúncias sobre as práticas absurdas dos agentes da lei.

Felizmente, as investidas da polícia não passavam em brancas nuvens. Os frequentadores várias vezes reagiam de forma violenta, mesmo sendo detidos em seguida. E, graças a essa resistência, o Samba hoje é um dos patrimônios imateriais mais amados do Brasil, em todas as camadas sociais, e aclamado internacionalmente.

Para celebrar os primeiros 100 anos do Samba, o Coletivo COLE.CX reuniu artistas e ilustradores para criar o Alfabeto do Samba. A proposta é retratar personalidades do gênero musical através da arte de A a Z, Arlindo Cruz, Elza Soares, Cartola, a própria Tia Ciata, mestres e mestras do passado e do presente que abriram alas para samba florescer em nós.










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