Mesmo compondo desde o final dos anos 1920 somente em 1974 o Mestre do samba Cartola conseguiu gravar o primeiro álbum solo. Certamente o fato de ser negro e pobre contribui para o esquecimento entre os anos de 1940 e 1950. Ele foi redescoberto em 1960, e mesmo assim o mercado fonográfico não lhe deu a devida atenção. Cartola, álbum de 1974, foi editado pela gravadora independente Discos Marcus Pereira, e permitiu um revés para a carreira do compositor.
A Universal Music relançou os dois primeiros álbuns do artista neste mês de agosto com textos e curadoria de Eduardo Magossi. As edições remasterizadas contam com as letras das músicas. Lembro que minha mãe tinha uma versão digital em CD dos dois trabalhos mas sem as letras para eu acompanhar. Nas tardes de férias ouvia os discos tomando nota num caderno. Foi assim que aprendi a amar Cartola.
Mesmo sem as informações técnicas sobre os dois principais trabalhos do bamba, é importante destacar a participação do maestro Horondino José da Silva e do violinista Dino Sete Cordas. O de 1974 foi produzido por João Carlos Botezeli, também conhecido como Pelão, e foi gravado e mixado em quatro dias. Não preciso comentar que o trabalho é apaixonante.
O Cartola de 1976 é aquele que nos brinda com As rosas não falam, O mundo é um moínho e Cordas de Aço. Músicas que ficavam em looping eterno lá em casa. Minha alma se enche de alegria ao ver trabalhos tão lindos como esses sendo resgatados e apresentados a um público novo com qualidade excepcional. Sobretudo por que Cartola não viveu tempo suficiente para saber o quanto é amado hoje.
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