Cinema | A lata vai revidar

No sábado dia 14 o prefeito eleito de São Paulo, João Dória, compartilhou em seu perfil do twitter a imagem de funcionários pintando de cinza uma mureta na Avenida 13 de maio, na capital Paulista. Entre palavras de apoio à atividade, havia quem defendesse o grafite como manifestação artística que é parte do DNA de toda metrópole. O que é bem verdade. Não é a primeira vez que a cidade protagoniza esse tipo de ação violenta por parte da prefeitura. Violenta sim, se lavarmos em consideração que o grafite surge como uma expressão para combater a frieza dos arranha-céus de São Paulo.

Há registro de pixações desde o império romano, inclusive boa parte dos grafismos usados nas ruas se assemelha à escrita usada em runas antigas. Mesmo assim há quem discorde na equiparação do grafite, sendo o segundo mais elaborado e, recentemente, sendo considerado uma das das vertentes das artes visuais; enquanto o primeiro é só sujeira, e supostamente, demarcação territorial de gangues urbanas. Quando vi a notícia lembrei de dois filmes nacionais que abordam  os temas.

Cidade Cinza conta a história do mural no Viaduto do Glicério da dupla Gustavo e Otávio Pandolfo, mundialmente conhecidos como Os gêmeos, que foi apagado em 2008 pela prefeitura. Na época as autoridades responsabilizaram a empresa terceirizada responsável por cometer o engano, mas alertou que os artistas não tinha autorização para pintura do painel. Existia um interesse em regularizar e incentivar a arte urbana, mas para Dória, cidade linda é cidade cinza.




O Pixo mostra como agem aqueles que vivem no Rio de Janeiro e  São Paulo, aponta características estéticas que os diferenciam e histórias de pixadores famosos como Celacanto, que no período da ditadura militar, fora acusado de atividade subversiva ao espalhar pela cidade a frase "Celacanto provoca maremoto".

Aqui eles são criminosos convictos, insatisfeitos com a desigualdade social, usam o pixo como ferramenta de protesto e retomada da cidade por parte dos excluídos, cientes de que sua atividade é ilegal e são motivados pela adrenalina de não serem pegos pela polícia. Uma das coisas que mais me surpreendeu nesse filme foi o registro de uma cultura em torno do pixo.

Existem normas claras que devem ser seguidas por cada pixador mesmo que não se conheçam. Alguns tem pastas colecionadoras com as "assinaturas" e essas são exibidas com muito orgulho no filme. Depois que assisti passei observar a pixação de forma diferenciada. O documentário completo você pode assistir AQUI



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