A Fogueira doce de Mateus Aleluia

Foto: Christian Cravo/ Garimpo Música

Um encontro com o sagrado e a ancestralidade negra, Fogueira doce pede licença às divindades do candomblé; chega aos nossos ouvidos como uma série de lindas canções de ninar e aquece o peito como o aconchego do colo de mãe. O baiano Mateus Aleluia nos presenteia com um repertório autoral que parece ter nascido de um mergulho profundo na história de nossos antepassados. O som marcante do iorubá, língua nativa de vários países ao sul do Saara e praticada entre o povo de terreiro no Brasil, se misturam perfeitamente às conduções percussivas, um encontro de velhos amigos.

Nascido em Cachoeira, Mateus ganhou projeção nos anos 1970 enquanto integrante do grupo Os Tincoãs; deu o pontapé em sua carreira solo somente em 2010 com o álbum Os cinco sentidos onde já indicava claramente o seu perfil musical. Sigo na torcida para ver frutos desta caminhada em espaços de tempo cada vez menores. Fogueira doce é feito andar dentro de um riacho doce com pedrinhas ao fundo, como descansar à beira da praia, respirando fundo de encher os pulmões de maresia. Sob as asas do mestre destaque para os herdeiros Mateus Aleluia Filho e Fabiana Aleluia, ele no trompete ela na voz e piano.

O álbum produzido por Alê Siqueira conta com a parceria de Carlinhos Brown e apresenta um projeto gráfico em tons quentes assinado por Ariston Quadros, Antônio Elias Júnior e fotografias de Rafo Coelho. Fogueira Doce ainda não está disponível no spotify, mas o artista segue em turnê desde fevereiro de 2017.


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