Sobre (Re)significar a história

Emudecer os personagens considerados desimportantes na nossa história tornou-se uma prática muito comum, sobretudo no Brasil, onde os negros que aqui chegaram não tinha voz, nome ou mesmo um relato que precedesse suas vidas como escravos. Como se estivessem destinados àquela vida desde o ventre de suas mães. Motivada por esse silenciamento a artista visual Luiza Braga, criou a série (Re)significa.

Luiza estava desenvolvendo a arte do cartaz para um festival em Londrina promovido coletivo Quizomba, o Samba e Outros Batuques. Durante a pesquisa se deparou com vários retratos de homens e mulheres anônimos, datados dos séculos XIX e XX.
Eles eram muito fortes para mim, os olhares as vestimentas, as marcas, inclusive a ocasional artificialidade da "foto montada". E obviamente trazia os negros apenas como "escravos".
Extintivamente, ela enxergou muito mais do que os autores das fotos pretenderam mostrar, arte, música, moda, angústias, vontades, as expressões e os corpos gritavam no silêncio das poses montadas. Aí surgiu o primeiro, o segundo, o terceiro e a vontade de seguir recontando aquelas histórias de forma criativa só crescia.  

A colagem se apresenta como técnica perfeita para dar liga aos traços culturais que nos foram negados. A artista monta um quebra cabeça com base indício visual da cultura de um povo, (Re)significar emancipa através de narrativas possíveis não análogas à escravidão, e mesmo mais de trezentos anos depois da abolição grita liberdade.







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