O retrato da princesa Tutu


Em fevereiro de 2017, Gilles Peppiatt, diretor de Arte moderna africa numa casa de leilões londrina, foi acionado para examinar uma pintura atribuida pintor nigeriano Ben Enwonnu. Não era a primeira vez que um convite semelhante acontecia, principalmente quando se tratava de um possível exemplar do retrato da princesa Adetutu Ademiluyi. Para a surpresa de Peppiatt o quadro era verdadeiro.
"Às vezes você vai a algum lugar e é um tiro no escuro, não se sabe o que vai encontrar. Foi uma surpresa enorme. É um quadro que é do meu conhecimento há muito tempo. Foi revelador. Eu pensei 'Isso é extraordinário!'"
A obra foi pintada nos anos 1970, pouco tempo depois da Guerra Civil Nigeriana, período de secessão do Estado de Biafra na região sul do país. O pintor, Ben Enwonnu, era Igbo já a retratada, Admiluyi, era neta de um grande líder Iorubá, e esse encontro entre o artista e a princesa resultou em três quadros. As pinturas viraram símbolo maior da conciliação nacional no pós guerra. Até pouco tempo ninguém sabia do paradeiro de nenhuma das três  pituras, agora o retrato perdido de Tutu está estimado em  até  R$1,36 milhão. O leilão do retrato está marcado para o dia 28 de fevereiro.

O artista é filho de um escultor e uma comerciante de tecidos nascido em 1917 na cidade de Onistha, ao sul da Nigéria. Teve alguns de seus trabalhos expostos em galerias importantes como Zwemmer Gallery e a Glasgow Empire Exhibition; estudou artes plásticas, antropologia e história da arte ocidental nas universidades de Lewisham, Oxford e na London School of Economics. Seu nome está entre os fundadores do Modernismo Nigeriano.

Enwonnu é autor da polêmica estátua de bronze da Rainha Elizabeth II, a obra foi criticada pela imprensa em 1956, que acusou o artista de ter africanizado os traços físicos da soberana. Mais tarde a Coroa Inglesa lhe concedeu uma medalha da Ordem do Império Britânico. Uma das características mais marcantes de seus trabalhos são a luminosidade, influência do período em que viveu no oeste do continente africano. Manteve relações estreitas com artistas do movimento Panafricanismo que defendia a união entre os povos de origem africana e a valorização da cultura negra

Estátua em bronze da Rainha Elizabeth II

"Não aceitarei uma posição inferior na arte. Muito menos ter a minha arte chamada de 'africana' porque não dei expressão de forma adequada e correta à minha realidade"

Comentários

  1. Bom demais :)

    XoXo
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  2. Não sabia deste pintor, Ben Enwonnu, e nem do retrato da princesa, mas agora vou querer saber mais ainda.
    Seu blog é ótimo! parabéns!É difícil achar um blog que se destaca pela qualidade aqui na blogolândia.
    Bjs

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    1. Fiquei bem curiosa em saber mais sobre ele também! a gente conhece tanto sobre artistas europeus e quase nada sobre os africanos... Obrigada e seja bem vinda sempre

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