Russo Passapusso é um dos convidados do seminário numa mesa sobre música na era digital |
Indústria cultural, tradição versus contemporaneidade, música de Carnaval na era digital. Esses são alguns dos temas que serão debatidos no Seminário Nacional País do Carnaval, que acontece em agosto no Recife. O objetivo é debater as transformações do Carnaval no novo milênio, especialmente em Pernambuco, diante das mudanças sociais e culturais, e será aberto ao público, com medidas de acessibilidade, garantindo representatividade e diversidade de perspectivas.
Com curadoria de Silvana Meireles e Renato L e produção de Janaína Guedes, o projeto tem o incentivo da Lei Paulo Gustavo, por meio do Ministério da Cultura e da Prefeitura da Cidade do Recife e conta com o apoio da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). Durante três dias serão realizadas seis mesas temáticas na Sala Aloísio Magalhães (Fundaj Derby), com convidados de várias partes do país. A audiência estimada é de 120 pessoas que, para participar, precisam se inscrever, no site da Sympla, gratuitamente. Além disso, e para ampliar o alcance do seminário, todo o conteúdo será gravado e disponibilizado online.
“É comum ouvirmos que o ano só começa depois do Carnaval. Provavelmente essa festa seja um dos acontecimentos culturais mais populares do país”, diz Silvana Meireles. “Em cidades como Salvador, Recife, Olinda e Rio de Janeiro, o Carnaval extrapola o calendário oficial. E em outras, onde esse ciclo cultural não possuía tanta força, como Belo Horizonte e São Paulo, assistimos um crescimento significativo nos últimos anos. Com o seminário, pretendemos discutir as diferentes dinâmicas da tradicional festa nesses lugares, os desafios de organizá-la e geri-la e suas implicações sociais e econômicas”, completa a curadora.
Para Renato L, “os debates podem
oferecer subsídios importantes para repensarmos o Carnaval de Pernambuco,
contribuindo para a discussão de temas como o da participação da cultura
popular e o da preservação do patrimônio material e imaterial. Além disso, o
seminário acontece em meio às profundas transformações na maneira de produzir,
distribuir e consumir produtos culturais, e queremos refletir sobre seus
impactos no País do Carnaval neste novo milênio”.
O projeto “País do Carnaval” foi criado para tornar acessíveis ao público as reflexões acadêmicas sobre o Carnaval, contribuir para a formulação de políticas públicas, discutir disparidades estruturais e de financiamento, explorar a presença da cultura popular, analisar formas de comercialização e inserção da música na era digital, além de identificar desafios e potenciais na economia do Carnaval.
DEBATES
Os
curadores do seminário elencaram temas que vão mobilizar muitos estudiosos,
profissionais envolvidos e curiosos. A primeira mesa do evento, por exemplo,
vai debater as várias facetas do Carnaval, desde a festa feita pela comunidade
até a indústria cultural que a cerca. Terá como convidados o reitor da
Universidade Federal da Bahia Paulo Cesar Miguez de Oliveira e a pesquisadora
da Fundaj Rita de Cássia Araújo.
No segundo dia de seminário Olinda e Ouro Preto serão dois casos debatidos na mesa sobre Carnavais em Cidades Históricas. Como palestrantes virão o ex-secretário de Cultura e Turismo de Ouro Preto (MG), Chiquinho de Assis, e a ex-secretária de Cultura de Olinda, Márcia Souto.
Na segunda mesa do dia, O Carnaval do Recife no novo milênio será tema da conversa precedida de palestras do idealizador do Carnaval Multicultural e ex-secretário de Cultura do Recife, Roberto Peixe, e do mestre em Antropologia Rafael Moura de Andrade.
No terceiro e último dia de evento acontecem as mesas Eu quero é botar meu bloco na rua: casos São Paulo e Belo Horizonte e Carnaval e música na era digital. A primeira terá como convidados o professor Guilherme Varella, da UFBA, e o pesquisador mineiro Bernardo da Mata Machado. Os dois são autores de obras sobre políticas públicas culturais e estarão lançando seus livros logo depois do debate. Para finalizar o evento, a última mesa contará com o músico pernambucano Siba e o baiano Russo Passapusso, que arrebanha multidões com o seu Baiana System, num debate muito interessante sobre a música na era digital.
PROGRAMAÇÃO:
16h
MESA 1 Carnaval,
da festa da comunidade à indústria cultural
Mediação: Silvana Meireles
Palestrantes:
Paulo Cesar Miguez de Oliveira,
economista e professor, mestre em Administração e doutor em Comunicação e
Culturas Contemporâneas, ex-secretário de Políticas Culturais do Ministério da
Cultura, atual reitor da Universidade Federal da Bahia.
Rita de Cássia Araújo, pesquisadora da Fundaj (PE).
19h
MESA 2 Tradição
e contemporaneidade nos carnavais de Salvador e Rio de Janeiro
Mediação: Renato L
Palestrantes:
Zulu Araújo,
arquiteto, mestre em Cultura e Sociedade, doutorando em Relações
Internacionais/UFBA, foi diretor e presidente da Fundação Cultural Palmares. É
ex diretor-geral da Fundação Pedro Calmon, da Secretaria de Cultura do Estado
da Bahia.
Rita Fernandes, presidente da Associação Independente dos Blocos de Carnaval de Rua do Rio de Janeiro (RJ).
Dia 14/8
16h
MESA 1 Carnavais
em cidades históricas: os casos Olinda e Ouro Preto
Mediação: Renato L
Palestrantes:
Chiquinho de Assis,
pesquisador, produtor cultural, mestre em Musicologia Histórica, ex-secretário
de Cultura e Turismo de Ouro Preto (MG), atuou na Fundação da Associação do
Carnaval das Cidades Históricas.
Márcia Souto, gestora cultural, ex-diretora geral de Promoção da Economia Criativa da ADEPE, ex-presidente da Fundarpe, ex-secretária de Cultura de Olinda (PE).
19h
MESA 2 O
Carnaval do Recife no novo milênio
Mediação: Silvana Meireles
Palestrantes:
Roberto Peixe,
designer, ex-secretário de Cultura do Recife, ex-secretário nacional de Articulação
Institucional do Ministério da Cultura e idealizador do Carnaval Multicultural.
Rafael Moura de Andrade, mestre
em Antropologia, autor da dissertação A política multicultural no carnaval
do Recife: democratização, diversidade e descentralização (PE).
16h
MESA 1 Eu
quero é botar meu bloco na rua: casos São Paulo e Belo Horizonte
Mediação: Silvana Meireles
Palestrantes:
Guilherme Varella,
professor da UFBA, mestre e doutor em direito, foi secretário de Políticas
Culturais do Ministério da Cultura e assessor técnico e chefe de Gabinete da
Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. É autor do livro Direito à
folia: o direito ao
Carnaval e a política pública do Carnaval
de rua na cidade de São Paulo.
Bernardo
Mata-Machado, historiador, cientista político, ator e diretor de teatro. Autor
do livro Política Cultural: Fundamentos.
18h -
Lançamento de livros como sessão de autógrafos
·
Direito à folia: o direito ao Carnaval e a
política pública do Carnaval de rua na cidade de São Paulo - Guilherme
Varella.
· Política Cultural: fundamentos - Bernardo Mata-Machado
19h
MESA 2
Carnaval e música na era digital
Mediação: Renato L
Palestrantes:
Siba, músico
e um dos principais mestres da nova geração do maracatu e dos cirandeiros. Como
membro da banda Mestre Ambrósio, desenvolveu um estilo musical inovador e
singular. Líder do grupo Fuloresta junto a músicos tradicionais de Nazaré da
Mata, Zona da Mata Norte de Pernambuco. De 2012 pra cá vem gravando discos solo
e sendo aclamado pela crítica pelos seus lançamentos.
Russo Passapusso, pesquisador, escritor, cantor e compositor na cena musical contemporânea brasileira; comanda multidões com o BaianaSystem - uma das maiores bandas brasileiras da atualidade. Fundador do coletivo SoundSystem Ministéreo Público.
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