Cinema | AfroFlix

Eu trabalho com internet e monitoramento de redes sociais, daí quando chego em casa a última coisa que quero ver na minha frente é a página do Facebook. Primeiro por que tá bem chato circular por lá por uma série de questões que  nem preciso explicar; segundo por que não tem mais nada de novo pra ver quando chego em casa. O que me distrai são os vários canais que sou assinante no Youtube e, óbvio, o Netflix. Ambos possuem um algorítimo que combinam o que costumo assistir para me sugerir conteúdos e filmes semelhantes. Daí que eu dei de cara com um web documentário sobre a participação de negros no universo da moda, o título é "O lado negro da moda". Eu achei o nome ruim dada a abordagem feita no filme, mas tudo bem. 

Surgiu um debate nos comentários questionando várias coisas e claro que eu me senti convidada a falar o que penso também. O que começou com uma defesa de lugar de fala acabou terminando com
Mas porque os negros não fazem um documentário? Talvez você (disse para mim o moço). Pense sobre isso.
Uma intervenção bem clássica de quem acha que sugeriu a invenção da roda, não por maldade, mas por ignorância mesmo sabe? E eu falo ignorância no sentido de não conhecer mesmo. O primeiro documentário que me lembrei foi o Ah branco, dá um tempo! da Neggata. depois lembrei de uma porção de outros filmes como What happend, Miss Nina Simone?, o filme do Tim Maia, O senhor do labirinto que conta a história do artista plástico Artur Bispo do Rosário... Aliás, pensando com carinho temos muita produção boa tendo negros como protagonistas. 

Comentei com meu noivo sobre a discussão e ele me falou de algo ainda mais interessante, o Afroflix. A proposta é uma plataforma colaborativa que se propõe a disponibilizar gratuitamente filmes que tenham pelo menos uma atuação técnica/artística assinada por uma pessoa negra. Filmes, séries, web séries, programas diversos, vlogs, clipes... Enfim tem de um tudo! 


Há quem diga
Nossa mas isso de separar não é um pouco demais? Isso contribui de que forma?
Eu respondo com uma palavra: Ubuntu. Confesso que não conheço nenhum diretor de cinema negro, talvez eu até já tenha assistido e nem sei! Não que isso me faça enxergar a obra de uma outra forma, ou o valor cultural dela se altere por isso, é mais uma questão de empoderamento mesmo. Produções como as que citei, e as que estão no Afroflix certamente, mudam o ponto de vista para os homens e mulheres negras que querem se aventurar na produção do áudio visual brasileiro. E com certeza temos muito história para contar. 

P.S.
Até eu fiquei com vontade de entrar na roda!

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