A mulher do fim do mundo

No carnaval de 2017 a polícia militar fluminense registrou 2.154 casos de violência contra a mulher. Isso equivale a mais ou menos uma de nós agredida a cada três minutos e vinte segundos. A bióloga Elisabeth Henschel, de 23 anos, que foi curtir o a folia usando chifres de diabo e um maiô escrito Feminist, numa alusão aos xingamentos dirigidos às feministas na internet. Na madrugada da segunda feira gorda, Elisabeth foi assediada por um homem, tentou tirar satisfação e levou dois socos no rosto e três pontos no nariz.

Violência contra a mulher não é novidade, mesmo no Brasil um dos países com legislação avançada no que diz respeito as questões de gênero. Só a lei não basta. É urgente a transformação do comportamento de todos a nossa volta. As vítimas de estupro continuam sendo responsabilizadas pelo que aconteceu a elas. É lamentável ver um profissional de comunicação como Alexandre Garcia escrever que está pouco se lixando para o fato de Jane Fonda ter sido estuprada quando era menina.

Quando falamos sobre episódios violentos em nossas vidas, estamos dizendo para aquelas que estão em situação semelhante, NÃO SE CALEM. Cada relato é importantíssimo e não deve ser silenciado jamais. A máxima do "meu corpo, minhas regras" pode parecer bobagem, mas é uma ferramenta de conquista e recondução das nossas vidas a partir de, pasmem, nossas escolhas. Elisabeth foi agredida por não aceitar que tocassem no seu corpo sem a permissão dela, há quem responsabilize a escolha da fantasia pelo acontecido.

Tanto Elisabeth quanto as minas de Olinda deram uma banho de autoestima e coragem ao escolher pular o carnaval usando maiôs, biquínis, hot pants e ausência de sutiãs. Foi uma declaração de amor ao corpo feminino e um basta no machismo. A escolha do figurino momesco não significa que "estamos pedindo", muito menos que "facilitando a vida do agressor". Queremos cantar, queremos levar para as ruas e avenidas a nossa opinião, até o fim dos nossos dias, até o fim do mundo!

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