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Alma da Preta

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Música | Azul Claro

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A canção é feito um mantra. Quer relaxar? Então nêga, aumenta o som e curte a voz deliciosa da Isaar.

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Conto - O Folgazão

É o céu tingir de laranja e o coração descansa. O peito cheio de fôlego pra lida suspira feito bucho de bode furado e o que sobrou do homem lá dentro vai amolecendo junto. O dia inteiro do rosto, só se vê os olhos apertados da claridade e da fuligem que sobe cada vez que a foice golpeia a base da cana caiana, mas tá, antes fosse. O dotô chama dotro jeito, um punhado de letra e número que a gente nem sabe mais. Foi-se embora o homem, foi-se embora a doçura, foi-se embora até a poesia da caiana. A foi-se é tudo. Tem muita gente de fora esse ano. Gente demais. Mulher e menino. Tudo de longe. Nóis nem fala muito, a foice e a canseira não deixam, mesmo no sol a pino. Só senta e come, quem se conhece inda troca duas ou três coisa, eu mesmo não conheço mais é ninguém. Dou o gôto no comer e vou encostar na sombra da jaqueira. Mas bom mesmo é a hora do céu laranja. Subindo a serra dá pra ver a janela iluminada e Marta com alguma cantiga. Marta fica linda nos versos pro Carneiro Manso. C

#NegroDrama - Surrealista e metafórico

Inspirado na música Negro drama , dos Racionais MC's , o fotógrafo e designer Gabriel Ribeiro cria série de ilustrações que questionam a imagem do homem negro no Brasil. As metáforas visuais foram espalhadas em São Paulo pelo artista em forma de lambe-lambe, algumas acompanhadas dos versos do rap carregado do Mano Brown. Negro drama foi lançada em 2002 e fazia parte do álbum Nada como um dia após outro dia , na época muito elogiado pela crítica. Em 2007, entrou para a lista dos 100 maiores discos da música brasileira, segundo a revista Rolling Stone. Assim como os trabalhos anteriores, o CD veio carregado de crítica social e discursos sobre o racismo institucional praticado pelo estado, principalmente das forças policiais. Tema que para muitos é motivo de ódio ao sistema, provocou tristeza profunda em Gabriel quando ouviu Negro drama pela primeira vez. "Eu não lembro quantos anos eu tinha ao certo na época, mas lembro que fiquei muito triste. Não era uma música que

Super Domínica e a Caribbean Justice

Super Domínica é uma heroína caribenha com habilidades incríveis e poderes baseados nos recursos naturais da ilha em que vive. Criação do ilustrador e designer gráfico Albert Pierre em 2005, a personagem foi concebida a partir da expansão de uma série em quadrinhos chamada The Dominican Patriot , seu traje tem como base as cores da bandeira nacional e a capa vermelha representa suas origens Kalinago. A história de Dominican Patriot é focada no povo amerídio primitivo da Domínica, dá destaque a várias características da cultura local, sua história e os recursos naturais dos quais o povo da ilha tira o seu sustento. Apesar da população Kalinago ser muito pequena na ilha, eles são detentores de uma herança cultural muito rica. Nos últimos anos personagem já passou por uma série de reboots mas hoje as pessoas já conseguem reconhecê-la com mais facilidade e o número de fãs cresce cada dia mais. A história dos The Dominican ainda não foi concluída mas está em desenvol

Gente | Jewell Jeffrey

Descobri essa semana uma tuia de gente linda e me senti na obrigação de compartilhar um pouco do trabalho deles com vocês. Um deles é Jewell Jeffrey, que é DJ, ator e modelo. Morro de felicidade quando vejo diversidade nas passarelas e no mundo editorial, são raras mas devem ser celebradas e conhecidas por uma razão bem simples #Ubuntu. Essa hastag é muito usada pelo queridíssimo Emicida e significa o seguinte: se um de nós chegou "lá" todos nós podemos chegar. Jewell é negro e albino. Parece não fazer sentido mas é isso mesmo. Pouca gente sabe mas o albinismo nada mais é do que uma deficiência na produção de melanina, o pigmento natural que dá cor a nossa pele, cabelo e íris do olho. O mais curioso é que o problema é muito mais comum entre a população negra, em outras palavras, um casal de negros tem muito mais chances de ter um filho albino do que um casal de pessoas brancas. Jewell é muito, mas muito gato e cheio de estilo. Suas fotos são bastante populares no instag

Ilustração | Nelson Makamo

Makamo é dotado de uma poderosa aptidão artística que o levou a estudar pintura por três anos na Artist Proof Studios em Joanesburgo. Entre 2003 e 2013 participou de exposições coletivas em Amsterdan, Boston, Itália, Escócia e na cidade onde iniciou sua formação. Sua primeira exposição solo em 2005, Walk with me . Nascido na cidade de Modimolle, província de Limpopo na África do Sul, Nelson imprime em seus trabalhos o facínio pela vida cotidiana de crianças da Zona rural africana. O artista acredita que nelas reside a paz e a harmonia que a humanidade busca com tanto afinco. Certamente retratar tantos meninos e menias seja uma forma de despertar em si e naqueles que contemplam suas obras a criança interior. Instagram | Site

Fotografia | Projeto MC1R

Há algum tempo eu tinha fixação por fotos de pessoas ruivas; seguia um monte de perfis do tumblr que colecionavam imagens de várias pessoas de cabelos alaranjados e até cheguei a ter um painel do pinterest dedicado a eles. Hoje eu descobri o ensaio MC1R da fotógrafa Michelle Marshal l e fiquei profundamente encantada. O nome do projeto faz referência ao gene que determina se a pessoa vai ou não ter os cabelos ruivos. Ela fotografou pessoas que receberam esse gene recessivo formando alelos homozigóticos produtores da proteína que os geneticistas consideram "defeituosas" e inativas. [sim eu amo genética!] A série mostra negros e asiáticos ruivos. Muita gente acredita que, via de regra, os ruivos têm aparência caucasiana e são descendentes de celtas, a série fotográfica de Michelle mostra que há muito mais do que podemos imaginar! Alguns de seus modelos fotografados passaram por situações bem constrangedoras por conta da falta de conhecimento das pessoas sobre essas que

Sobre formas femininas

Ela escolheu a publicidade para exercitar profissionalmente a sua criatividade. Mari Vilas assina uma coleção de gravuras inspiradas nas mulheres negras da capital baiana, a cidade mais negra fora do continente africano, suas personagens que gritam Eu sou neguinha! trazem referências da pop art em vetores vibrantes. A autora sempre gostou muito de desenhar, mas as "artes" da infância não se limitavam ao papel e lápis, "eu inventava arte com sucata, modelava bonequinhas de barro, biscuit, fazia móveis de boneca com caixas de fósforo, e por ai vai..." lembra. Eu sou neguinha tem a finalização digital mas muitas vezes o ponto de partida vem ter técnicas mais orgânicas, como o lápis, nanquim e a aquarela. Instagram Por enquanto Eusou neguinha! conta apenas com quatro personagens, todas com o visual retrô e com estética própria dos anos 1970. Esse período foi marcado pela construção do que significava ter o espírito livre e se refletiu em

Antes que o mundo acabe

E se o mundo já estivesse caminhando para um colápso há mais tempo do que a gente imagina? Será que, no fim das contas, a gente nunca fez parte do mundo real de verdade e só agora, depois de quase um mês trancados em casa a gente começa a entender como é doloroso ver as nossas dinâmicas sociais serem interrompidas? Quando eu li Ideias para adiar o fim do mundo de Ailton krenak, eu não tinha noção do quanto esse livro seria importante para mim nesse período de isolamento. Entre uma leitura e outra, sempre me pegava voltanto a esse livro e às reflexões propostas por ele, aliás reflexões muito maiores do que o que a quarentena tem me imposto nos últimos vinte dias. Ailton nasceu na região do rio Doce, sim, o mesmo rio que sofre com a lama da Vale. Um dos conceitos que ele coloca em xeque nesse livro é o de humanidade. Da ideia de que existe somente um jeito de se viver e ser humano na terra, e do quanto os povos indígenas, e quilombolas, foram "convidados" a

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